Por Jaine Vergopolem
União da Vitória, Paraná, 25/10/2024 – Em um movimento inédito para a agricultura familiar, a ECAM lançou um projeto de crédito de Carbono Social, em parceria com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Paraná (FETRAF-PR) e o Observatório da Erva-mate, juntamente com a Associação de Famílias de Agricultores Experimentadores e Difusores em Agroecologia no Bioma da Floresta com Araucária (ECOARAUCÁRIA). Em evento realizado na última sexta-feira (25), em União da Vitória, lideranças sindicais e agricultores da região discutiram o potencial de gerar renda extra ao mesmo tempo em que contribuem para a preservação ambiental.
O projeto de crédito de carbono Social atende quase 200 famílias de agricultores familiares paranaenses. Segundo o coordenador-geral da FETRAF-PR, Elizandro Paulo Krajczyk, “a agricultura familiar historicamente tem sido excluída do mercado de crédito de carbono, e com esse projeto, buscamos garantir que esses agricultores, que passam a vida cuidando do meio ambiente e preservando a biodiversidade, sejam finalmente reconhecidos e recompensados por esses serviços", explica.
Bernardo Vergopolem, coordenador da ECOARAUCÁRIA, nos conta que “este evento é uma grande conquista para fortalecer a segurança das famílias do campo e garantir a permanência na terra. Esse projeto incentiva a cuidar do meio ambiente e, especialmente, valoriza o cultivo da nossa erva-mate, que é tão importante para a economia local e para a preservação das nossas matas”, enfatiza ele.
O projeto pretende estabelecer uma ponte entre os agricultores e as empresas interessadas em compensar suas emissões de carbono, através da venda de créditos gerados pelo carbono retido nas práticas agrícolas sustentáveis. Segundo dados apresentados pela ECAM, menos de 1% de todos os créditos de carbono gerados globalmente vêm da agricultura, e apenas 0,3% são oriundos da agricultura familiar.
Para Vasco van Roosmalen, representante da ECAM, essa iniciativa é um passo importante para mudar essa realidade: “O momento agora é de reconhecermos concretamente os serviços ambientais que a agricultura familiar fornece ao país. São esses agricultores que cuidam das árvores, do solo, das plantas, garantindo que o carbono seja retido na natureza e não lançado na atmosfera, o que ajuda a reduzir os impactos das mudanças climáticas”, diz.
A ECAM trabalha para ajudar os agricultores a mensurar o carbono retido em suas propriedades e a conectá-los com o mercado de carbono. Esse mercado, que ainda é incipiente para os pequenos agricultores, oferece um novo horizonte de renda e incentiva práticas de manejo sustentável. “A agricultura familiar no Brasil é responsável por 77% de toda a comida que consumimos e, ao mesmo tempo, é uma das maiores gestoras de carbono do país", apresenta Vasco. “Esses agricultores desempenham um papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas, mas até agora não foram devidamente reconhecidos por isso”, também sublinha ele.
O reconhecimento financeiro dos serviços ambientais prestados pela agricultura familiar é um dos principais objetivos do projeto. Além disso, espera-se que a iniciativa possa fortalecer políticas públicas voltadas para o setor, sensibilizando autoridades para a importância de regulamentações que incentivem o crédito de carbono também para os pequenos agricultores.
E além de tudo, “acreditamos que esse projeto não só trará mais sustentabilidade para as propriedades agrícolas, mas também promoverá uma nova forma de pensar a renda dos agricultores familiares e o nosso futuro”, finaliza erveiro e representante de ECOARAUCÁRIA, Bernardo Vergopolem.
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